--:--
--:--
  • cover
    Rádio Fraiburgo 95.1

BAIXAR APP's

Mutações do coronavírus: as variantes já conhecidas e o caso suspeito em SC

Com o avanço da pandemia, variantes do coronavírus passaram a ser identificadas ao redor do mundo. Duas delas estão entre as mais conhecidas até o momento, a encontrada inicialmente no Reino Unido e a observada na África do Sul. Nova variante do vírus também apareceu no Brasil, no estado do Amazonas. Em Santa Catarina, um possível caso de contaminação por essa variante é analisado.

Variantes do coronavírus surgem a partir de mudanças em seu material genético, quando o vírus sofre uma mutação. No caso do Sars CoV-2, o novo coronavírus, a mutação ocorre no RNA, que carrega as “informações” do vírus.

O professor e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Glauber Wagner, que coordena uma pesquisa da universidade que avalia possíveis mutações do coronavírus no Estado, explica que o processo de mutação é algo natural em qualquer organismo. Contudo, no caso dos vírus, ele pode acontecer de forma mais acelerada porque eles conseguem se replicar muito rapidamente dentro das células.

— Quando o vírus invade a célula, ele tem que replicar o seu material genético, neste caso [coronavírus] o seu RNA viral. No momento em que ele está replicando o material genético, algumas alterações neste processo podem acontecer, e aí essas alterações que acabam acontecendo durante o processo de replicação acabam sendo ‘fixadas’. Elas vão ‘fixar’ em um novo vírus, ou seja, o vírus que sai da célula vai levar com ele esse genoma viral com alguma alteração daquele vírus original que entrou na célula.

Reduzir a transmissão, portanto, é uma forma de evitar que surjam novas mutações de determinado vírus.

Sobre as alterações que o vírus pode sofrer ao passar por uma mutação, é possível que elas façam com que ele se torne mais forte ou mais transmissível. Mas isso não é uma regra.

— Nem toda mutação acarreta numa maior infecciosidade. Dependendo da mutação, pode haver uma maior patogenia ou uma menor patogenia. Vamos pensar que um vírus é extremamente patogênico, ele invade as células, destrói ela rápido e causa uma doença muito grave na pessoa infectada, e ele pode, nesse processo de mutação, se tornar menos patogênico, causar menos doença — pontua Glauber Wagner.

Variante do Reino Unido

No caso da variante do coronavírus encontrada no Reino Unido, chamada de B.1.1.7, ela é considerada de 50% a 70% mais contagiosa do que o novo coronavírus original. Conforme estudo publicado em dezembro, os dois primeiros casos foram detectados na cidade de Kent e em Londres, em 20 e 21 de setembro. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa nova estirpe do vírus já foi detectada em 60 países e territórios, incluindo o Brasil.

Variante da África do Sul

Essa variante do coronavírus, identificada como E484K, foi detectada na África do Sul em análises feitas no mês de outubro do ano passado. A mutação foi relatada à OMS pelo país em dezembro. Assim como a variante britânica do coronavírus, pesquisadores acreditam que a encontrada em território sul-africano também é mais contagiosa que a versão inicial do SARS-CoV-2. Conforme a OMS, ela já estaria presente em 23 países e territórios. Casos no Brasil também foram reportados.

Variante do Amazonas

A nova variante do coronavírus encontrada no Amazonas foi relatada inicialmente em janeiro deste ano. Os primeiros casos foram identificados pelo Japão, em quatro viajantes que estiveram no estado brasileiro. Essa variante possui uma série de mutações que ainda não tinham sido encontradas.

Segundo especialistas, a nova cepa carrega mutações que já foram associadas à maior transmissão do coronavírus, mas ainda não é possível afirmar se ela é mais transmissível ou não.

A circulação dessa nova estirpe do SARS-CoV-2 passou a ser reportada em meio ao colapso do sistema de saúde no Amazonas, com recorde de internações devido à alta de casos de Covid-19 e com falta de oxigênio para pacientes. Pessoas chegaram a morrer asfixiadas em hospitais de Manaus.

Suspeita em SC

É essa variante do coronavírus, encontrada no Amazonas, que tem suspeita de infecção em Santa Catarina. O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-SC) tinha previsão de enviar nesta terça (19) ao laboratório da Fiocruz, no Rio de Janeiro, uma amostra para confirmar a suspeita. Ele é referente a um paciente que veio de Manaus para o estado catarinense em janeiro, com sintomas de Covid-19.

De acordo com o professor Glauber Wagner, essa nova cepa do coronavírus ainda não foi identificada pela pesquisa realizada pela UFSC. Ele pontua que o trabalho sequenciou até agora apenas amostras colhidas até os meses de setembro e outubro, e que provavelmente a variante observada no Amazonas apareceu depois desse período.

Caso a infecção seja de fato confirmada, ele avalia que é necessário que sejam feitos mais sequenciamentos a fim de verificar se a mutação se disseminou pelo Estado.

Eficácia das vacinas

Ainda conforme o pesquisador Glauber Wagner, até o momento não há indicativo de que as novas variantes tornariam o coronavírus mais resistente às vacinas já disponíveis contra a Covid-19. Porém, ele ressalva que apenas estudos na medida que a população for vacinada poderão dar certeza a respeito disso.​

— Dos dados que a gente tem até o momento, aparentemente, não há uma mudança da eficácia dessas vacinas em relação a essas variantes que estão circulando, principalmente essas três, a do Amazonas, do Reino Unido e da África do Sul. Agora, pode acontecer que no futuro seja necessário mudar a vacina por conta de uma variante, assim como acontece com outros vírus, como, por exemplo, o vírus da Influenza. Isso vai depender do acompanhamento da pandemia e das variantes — observa.

Fonte: NSC

Últimas Notícias