Não existem números precisos sobre quantidade de moradores em situação de rua no país. “Dados nacionais só temos os de 2009, quando foi feita a única pesquisa. Precisamos de dados atualizados, hoje não temos”, diz Rafael Manchado, da coordenação do Movimento Nacional de Populações em Situação de Rua.
A pesquisa citada foi divulgada em dezembro de 2009 e feita pelo então Ministério do Desenvolvimento Social, que estimou em 31.922 pessoas morando nas ruas. Entretanto, os dados foram coletados em apenas 71 cidades.
Cadastro de referência pode estar defasado Um dos termômetros que aponta para o aumento de pessoas em situação de rua é o CadÚnico (Cadastro Único da Assistência). Em janeiro de 2014 havia 21 mil cadastradas como em situação de rua. Até outubro deste ano, o número saltou para de 134 mil. O cadastro é usado para beneficiar programas sociais do governo federal e possui 27,7 milhões de famílias cadastradas.
Dessas, 13,1 milhões (47%) têm renda per capita média declarada de até R$ 89. Podem se inscrever no programa famílias com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa; com renda mensal total de até três salários mínimos; ou com renda maior que três salários mínimos, desde que o cadastro esteja vinculado à inclusão em programas sociais nas três esferas do governo.
Os dados do CadÚnico são considerados subestimados. Em outubro de 2016, o pesquisador do Ipea Marcos Antônio Carvalho lançou um artigo em que fez uma estimativa da população de rua com base no cadastro e citou que ela não corresponderia sequer metade do total vivendo nas ruas do país. Segundo o pesquisador, o tema deveria ser colocado em questionário do Censo 2020.
A ampliação da cobertura deste cadastro neste segmento populacional permitiria, para além do acesso deste público aos programas sociais, a realização de estudo de perfil desta população com base nos dados do cadastro”, diz o estudo.
Fonte: UOL