A Polícia Federal realiza nesta quarta-feira (12) uma operação com cooperação internacional que objetiva desarticular uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. O objetivo foi cumprir 33 mandados de prisão em sete estados e 49 de busca e apreensão em nove estados.
Em balanço, a PF divulgou que todos os mandados de apreensão foram cumpridos. Em relação às prisões, foram realizadas 28, sendo uma delas em flagrante. Dessa forma, seis suspeitos seguem foragidos (veja mais informações abaixo).
A operação é chamada de “Match Point”. Segundo a PF, um dos líderes da organização criminosa é um cidadão da Islândia que mora no Brasil. Ele foi preso.
Os criminosos tinham carros de luxo, veleiros, mansões, joias e dinheiro em espécie.
Outro líder da quadrilha, segundo a PF, é um italiano, que foi preso na Bahia. Em Florianópolis, foram sete presos, incluindo outro chefe do grupo criminoso.
Os crimes investigados são lavagem e ocultação de bens, organização criminosa e tráfico internacional de drogas com associação ao tráfico.
As penas cumuladas desses crimes podem chegar a mais de 40 anos de prisão, de acordo com a PF. A maioria dos presos já tinha antecedentes criminais.
“Todos eles tinham décadas de experiência nessa atividade, e muitos deles com documento falso”, afirmou o delegado da PF Nelson Napp.
A PF vai analisar o material apreendido e espera descobrir mais integrantes da quadrilha.
A polícia afirmou que o grupo criminoso se dividia em duas grandes células com ramificações em várias cidades brasileiras, em especial nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. Cerca de 250 policiais federais atuam na ação.
Foi realizado o bloqueio de contas bancárias de 43 pessoas físicas, sequestro de 57 imóveis e de diversos veículos e embarcações. Os bens sequestrados na operação podem superar os R$ 150 milhões.
Além disso, foram apreendidos R$ 2,3 milhões em dinheiro em espécie, segundo a PF.
Há autorização judicial para o acompanhamento da deflagração da operação por representantes da polícia da Islândia.
Mandados
Mandados de busca e apreensão: 49 em nove estados – todos cumpridos
- Santa Catarina – 10 em Florianópolis
- São Paulo – 4 em Campinas, 3 em Limeira, 2 em São Paulo, 1 em Hortolândia, 1 em Piracicaba, 1 em Sumaré, 1 em São Pedro
- Rio de Janeiro – 8 no Rio de Janeiro e 4 em Niterói
- Minas Gerais – 3 em Belo Horizonte, 2 em Montes Claros e 1 em Contagem
- Bahia – 3 em Porto Seguro
- Paraíba – 1 em Cabedelo
- Rio Grande do Norte – 1 em Tibau do Sul e 1 em Parnamirim
- Pernambuco – 1 em Recife
- Goiás – 1 em Goiânia
Mandados de prisão preventiva: 33 em sete estados – foram cumpridos 27
- Santa Catarina – 7 – seis foram cumpridos
- São Paulo – 11 – sete foram cumpridos
- Rio de Janeiro – 6 – todos cumpridos, mais um flagrante
- Minas Gerais – 5 – três cumpridos
- Bahia – 3 – todos cumpridos
- Ceará – 1 – cumprido
- Rio Grande do Norte – 1 – cumprido
A PF informou que, dos seis foragidos, dois estão no exterior, provavelmente na Europa.
Sequestro de imóveis:
- Santa Catarina – 17
- São Paulo – 26
- Bahia – 11
- Rio de Janeiro – 3
A investigação ainda procura por outros 19 imóveis.
Investigação
O delegado Nelson Napp explicou como começou a investigação.
“A Match Point iniciou através de informações que nós obtivemos em uma localização em um hangar do aeródromo de Porto Belo [Litoral Norte catarinense]. E acabamos por localizar uma organização criminosa atuando aqui em Santa Catarina principalmente na lavagem de dinheiro, comprando imóveis e construindo imóveis aqui também”.
“Com base nessa organização, acabamos também por descobrir, na mesma investigação, uma outra organização já sediada no Rio de Janeiro, com conexão com o Rio Grande do Norte, que fazia a importação de haxixe”, continuou o delegado.
Napp afirmou também que os criminosos se utilizavam de “mulas” para fazer o transporte de pequenas quantidades de drogas em aviões e de veleiros para levá-las através do mar.
O islandês apontado pela PF como um dos líderes da organização criminosa já tinha sido investigado antes pela própria polícia do país europeu.
Para a realização da operação desta quarta, a PF fez cooperação com a Itália, através da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), e com a Islândia, junto à Agência da União Europeia para a Cooperação Policial (Europol).
Já houve prisões durante as investigações. Foram sete em flagrante, com a apreensão de 65 quilos de cocaína e 225 quilos de skunk. A PF não divulgou em quais cidades foram essas prisões.
Por Joana Caldas G1 SC | Foto: Polícia Federal/Divulgação