O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) esclareceu a origem das ossadas humanas encontradas no forro de uma residência durante a Operação Cortejo, realizada em 27 de novembro pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco). Os restos mortais pertencem a dois irmãos e estavam no local há cerca de quatro anos.
De acordo com o MP, uma funerária investigada foi contratada pela viúva de um dos mortos para reformar o túmulo e reorganizar os restos mortais, abrindo espaço para futuros sepultamentos. Após a construção do novo túmulo em 2020, no entanto, as ossadas não foram devolvidas. Para confirmar a identidade dos corpos, será solicitado à Justiça um exame de DNA, comparando os ossos com amostras de um terceiro irmão ainda vivo, identificado durante as investigações.
Denúncias de extorsão e prática de cartel
Além da descoberta das ossadas, a operação também revelou um esquema criminoso envolvendo funerárias em Chapecó. A 5ª Promotoria de Justiça denunciou dez pessoas ligadas a seis das sete funerárias que atuam no município por extorsão. Dois dos denunciados estão presos preventivamente desde a deflagração da operação.
O promotor de Justiça Alessandro Rodrigo Argenta explicou que a investigação começou após a denúncia de um empresário ameaçado ao tentar abrir uma nova funerária na cidade. “A partir dessa denúncia, descobrimos que empresários do setor atuavam de forma articulada, utilizando violência ou grave ameaça para impedir a entrada de novos concorrentes”, afirmou Argenta.
A primeira denúncia formal apresentada pelo MP foca no crime de extorsão. Segundo o promotor, a medida visa evitar a manutenção prolongada de prisões preventivas. “A decisão de apresentar essa acusação inicial se baseou na necessidade de dar celeridade ao processo envolvendo os suspeitos já presos”, destacou.
As apurações continuam sob a responsabilidade da 5ª Promotoria de Justiça de Chapecó. Há indícios de prática de cartel entre as funerárias da cidade, o que caracteriza crime contra a ordem econômica, conforme o artigo 4º, inciso I, da Lei nº 8.137/90.
A operação Cortejo trouxe à tona um esquema que abalou o setor funerário do município e levantou questionamentos sobre a regulação da atividade e as práticas empresariais no ramo. O caso segue mobilizando autoridades e a comunidade local, que aguarda por justiça e esclarecimentos.