Em entrevista à mídia vaticana, o monsenhor Marco Agostini, mestre de cerimônias pontifícias, revelou a carga simbólica e espiritual da chamada “Sala das Lágrimas”, o pequeno aposento onde o cardeal eleito se prepara, em silêncio, para sua nova missão como Papa. Para ele, esse momento, vivido no coração do Conclave, representa uma profunda tomada de consciência e transformação interior.
“É uma sala muito pequena, apertada”, descreve Agostini, “mas é ali que o novo Papa compreende o que se tornou”. A troca das vestes, conduzida com auxílio do mestre de cerimônias, simboliza não apenas uma mudança exterior, mas a entrada definitiva em uma nova existência. “É ali que o eleito aprende que a função é maior do que a pessoa. A figura do Papa é maior do que quem a veste”, afirma.
Segundo Agostini, é justamente essa consciência que dá nome à sala: lágrimas que refletem o peso espiritual e humano da missão. “O Papa deve aprender a morrer todos os dias para si mesmo, para que emerja o ofício, o Vigário de Cristo, o Sucessor de Pedro”, ressalta.
O monsenhor ainda traça um paralelo com o Jubileu da Esperança, destacando que atravessar a porta da “Sala das Lágrimas” é uma experiência comparável à travessia da Porta Santa — um rito que transforma a vida de quem a cruza. “É uma mudança muito profunda. Toca a intimidade do homem que se torna Papa, o coração do ministério petrino”, reflete.
Por fim, Agostini reforça que compreender a dimensão desse momento exige um olhar sobrenatural. “O Papa precisa aprender a ler a si mesmo com os olhos da graça, com os olhos da fé. Para contemplar essa realidade, é preciso fé. É preciso ver com os olhos da alma.”