A tragédia da Boate Kiss completou 11 anos na madrugada deste sábado (27). O luto pelas mortes das 242 vítimas marca a vida em Santa Maria-RS, na Região Central do estado, onde, todos os anos, a população se reúne para homenagear os mortos e sobreviventes do incêndio na casa noturna.
Neste ano, uma lei municipal instituiu a semana de 21 a 27 de janeiro como a “Semana em Memória às Vítimas da Tragédia da Boate Kiss”. Desde segunda-feira (21), homenagens e atos relembraram as histórias de quem sofreu com a tragédia.
Por volta das 2h30 de sábado (27), uma cerimônia aconteceu na frente do local onde funcionava a boate. Próximo ao horário em que iniciou o incêndio, os nomes das vítimas foram lidos.
Expectativa pelo julgamento
A cidade vive também a expectativa pelo segundo julgamento dos quatro réus pelo incêndio, marcado para o dia 26 de fevereiro deste ano, no Fórum Central de Porto Alegre.
O primeiro júri foi o mais longo já realizado no estado, e terminou após 10 dias com a condenação dos quatro réus a penas de 18 a 22 anos.
Eles chegaram a ser presos. Porém, meses depois, o julgamento foi anulado a pedido das defesas. Os quatro respondem em liberdade.
“Foi um julgamento bastante tenso e ele teve uma série de irregularidades no curso do plenário”, analisou o professor de Direito Márcio Bernardes.
“O Dr. Orlando Faccini Neto [juiz que presidiu o julgamento] suspendeu o Júri, reuniu-se diretamente com os jurados sem a presença de advogados e promotores. Isso não pode acontecer no processo de júri. Então aconteceram diversos pequenos fatos que geraram nulidades”, disse o especialista.
A estrutura do julgamento é a mesma. Os jurados serão diferentes, sorteados a partir de uma lista pré-definida de 150 pessoas. O juiz também será outro, o porto-alegrense Francisco Luis Morsch. Mais de 200 servidores do judiciário trabalham na preparação do novo julgamento.
Ao longo do júri, defesa e acusação deverão debater se houve dolo eventual, quando a pessoa assume o risco de cometer um crime, nos episódios que culminaram no incêndio naquela noite.
O Ministério Público pleiteia a reversão da anulação do primeiro julgamento, ou seja, a condenação dos quatro réus. A expectativa é que a decisão sobre o recurso ao Supremo saia ainda em fevereiro, suspendendo o novo júri. Se isso não ocorrer, o órgão afirma estar pronto para o dia 26 de fevereiro.
As defesas querem que o júri seja mantido, na tentativa de obter um resultado diferente do primeiro.