Professores sanitaristas do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC) encaminharam uma carta aberta na segunda-feira (7) ao governo do Estado questionando os planos para a reabertura das escolas.
Segundo o professor do departamento de Saúde Pública, Fabrício Menegon, em entrevista ao Jornal do Almoço, a carta “expressa o contrassenso” nas ações tomadas para combate à Covid19.
Na noite de sexta-feira, Santa Catarina passou de 399 mil casos de coronavírus e 4.041 mortes. Este é um “cenário epidemiológico completamente desfavorável” para retorno às aulas, conforme os especialistas.
“Chamamos a atenção pelo fato de que as ações que estão em curso neste momento, tanto do ponto de vista da gestão do governo estadual, quanto do que a Alesc tem feito em termo de, uma maneira um tanto absurda no nosso ponto de vista, tornar a educação uma atividade essencial haja vista que até este momento, nós temos considerado o forte papel que o retorno das escolas teria para a dinâmica da epidemia”, afirma.
Com o título “Sanitaristas querem o retorno presencial das aulas, mas os governantes parecem não querer”, o documento diz reconhecer as tragédias que o fechamento das escolas representam, mas alega que a reabertura não pode ser conduzida de forma descentralizada.
Na carta o departamento aponta que “em cerca de 9 meses da pandemia de Covid-19” houve “uma atuação errática e inconsistente das autoridades em todos os níveis, inclusive na esfera estadual. Desde a montagem dos comitês de crise até a adoção de parâmetros inadequados para a classificação de risco, o governo do estado tem agido de forma reativa.”
O documento pede que o projeto de lei, aprovado no começo de dezembro na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), não seja aprovado pelo governo e que um plano adequado para retorno das aulas em 2021 seja apresentado.
Menegon disse que o cenário ideal para o retorno seguro às aulas presenciais deve levar em conta o critério epidemiológico das regiões. “Nos chamou bastante atenção o fato que a Assembleia Legislativa tomou essa decisão justamente no pior cenário epidemiológico. Nosso apelo ao Governo do Estado é para que ele não entre nesta discussão. Do ponto de vista científico ela já é bastante amadurecida”, afirmou.
Segundo ele, as aulas só deveriam retornar quando existisse uma perspectiva de baixa ou de regressão dos números da pandemia.
O professor também destacou que a desigualdade estrutural das escolas municipais, estaduais e particulares pode contribuir para a disseminação do vírus no Estado.
Créditos: G1 SC/NSC TV